O que é Icterícia?
Icterícia é quando os bebês apresentam uma cor amarelada na pele e no branco dos olhos, por excesso de uma substância chamada bilirrubina. Normalmente essa substância é produzida durante a quebra dos glóbulos vermelhos, depois é transportada ao fígado para ser metabolizada e finalmente expelida pela evacuação.
O recém-nascido tem uma quantidade maior de glóbulos vermelhos ao nascimento. Depois do parto, essas hemácias extras são destruídas, produzindo grande quantidade de bilirrubina. Como o fígado pode não estar pronto para essa sobrecarga, mais bilirrubina que o normal permanecerá no corpo. Esse é um mecanismo normal e geralmente inofensivo; nesses casos, a icterícia é chamada de fisiológica.
Bebês em aleitamento materno são mais propensos que os bebês alimentados com mamadeira a desenvolver icterícia fisiológica na primeira semana de vida. Essa icterícia geralmente aparece entre o 2º e 4º dias, atinge um pico entre o 4º e 5º dias, e desaparece na terceira semana de vida. A icterícia pode ser agravada pela dificuldade na amamentação, com ingestão inadequada de leite materno e perda de peso.
Não há necessidade de tratamento se o bebê estiver clinicamente bem e os níveis de bilirrubinas estiverem em uma faixa segura. Para alguns bebês, com níveis de bilirrubina muito aumentados, pode ser recomendado o tratamento com fototerapia (banho de luz). Outras causas de icterícia devem ser sempre pesquisadas.
Icterícia pelo Leite Materno
Muitos bebês recebendo Leite Materno exclusivo podem ter uma icterícia prolongada, a chamada icterícia do leite materno. O quadro geralmente se desenvolve após a 1a semana e se estende até a 3a semana de vida, podendo continuar por até dois ou três meses. Ocorre em bebês saudáveis, com boa sucção e com ganho de peso adequado. A causa ainda não está esclarecida, mas, assim como a chamada icterícia fisiológica, é também um quadro benigno e autolimitado. No entanto, sempre que a icterícia se prolongar mais de 3 semanas, é importante descartar outras doenças.
Uma breve interrupção da amamentação por 24 horas geralmente leva a um declínio acentuado nos níveis de bilirrubina nesses casos, mas isso não é indicado. Infelizmente, muitas mães ainda recebem essa orientação. A interrupção temporária da amamentação para diagnosticar ou tratar a icterícia do leite materno pode comprometer o aleitamento exclusivo e é desnecessariamente prejudicial ao bebê, além de traumático para os pais.
A distinção entre um quadro benigno de icterícia ou uma condição que merece investigação ou tratamento depende da observação cuidadosa os pais e do acompanhamento próximo com o pediatra. Assim, as complicações podem ser evitadas e a amamentação bem sucedida.
Atresia de vias biliares
A atresia de vias biliares (AVB) é uma doença do fígado e ductos biliares que ocorre em recém-nascidos. A bile produzida no fígado ajuda na digestão de gorduras e carrega algumas substâncias para serem eliminadas pelo intestino através de ductos biliares. Na AVB ocorre obstrução desses ductos e a bile fica retida no fígado, provocando lesões que podem evoluir para cirrose e óbito se não for tratada precocemente. É a causa mais comum de transplante hepático em crianças. As causas da doença ainda não são bem conhecidas. Dez a 20% dos bebês podem ter malformações em outros órgãos, como coração, baço e intestinos.
Os bebês com AVB apresentam icterícia (pele e olhos amarelados), urina escura que mancha a fralda (colúria) e fezes esbranquiçadas ou acinzentadas (acolia) ou amarelo pálido (hipocolia fecal). Os sintomas podem surgir já nos primeiros dias de vida, mas às vezes a hipocolia demora a aparecer. Na caderneta de saúde da criança do Ministério da Saúde existe uma escala de cor que pode ajudar na avaliação das fezes do bebê.
Quando uma criança permanece ictérica após 14 dias de vida é preciso colher exames para excluir a possibilidade dessa doença. Como no início do quadro a criança geralmente encontra-se bem, muitas vezes a icterícia leve é negligenciada e o diagnóstico feito tardiamente.
Quando houver suspeita, o bebê deve ser rapidamente encaminhado para investigação em serviço especializado. O tratamento é um procedimento cirúrgico que cria um canal alternativo para a drenagem da bile. Deve ser realizado o mais precocemente possível, de preferência até 6 a 8 semanas de vida.